Menos diquinhas e mais entrega nos seu conteúdos, por favor
Storytelling virou um mantra publicitário, algo jogado ao vento por qualquer pessoa que queira parecer inteligente ou criativa. Mas, como sempre, precisamos ir além da superfície. Se é para falar de storytelling, falemos com substância, com verdade, com entrega, e não com as “dicas” superficiais que infestam os blogs e redes sociais.
Storytelling, meus amigos, não é simplesmente contar histórias. Não é salpicar um texto com frases bonitinhas, histórias apelativas ou criar uma narrativa qualquer para preencher espaço.
Storytelling é a arte de conectar a alma humana com a realidade através da linguagem simbólica. É a habilidade de comunicar verdades profundas de maneira que a mente racional e a imaginação se encontrem, gerando um impacto real.
Se você entende storytelling como uma sequência de passos genéricos — “comece com um conflito”, “coloque um herói”, “termine com um clímax” — , saiba que está no nível mais superficial da questão.
Pare de criar conteúdo que sejam “diquinhas”. Elas são apenas ferramentas que podem ser úteis, mas que, sozinhas, não fazem uma boa narrativa. Assim como saber segurar um pincel não faz de ninguém um pintor.
Por que as “dicas” são tão populares? Porque vivemos em uma época em que o valor foi substituído pela aparência, e o conteúdo, pela forma. Pode parecer que o público, em geral, não busca transformação, mas entretenimento barato. É verdade que querem fórmulas rápidas, não reflexões profundas e que o mercado, sempre ávido por satisfazer essa demanda, entrega o que é fácil de vender: listas, passos, atalhos. Mas storytelling verdadeiro não é algo que se aprenda com uma lista de cinco itens.
Quem vende diquinhas sem mergulhar na essência do que está ensinando está fazendo o equivalente a um cozinheiro que tenta ensinar alta gastronomia com receitas instantâneas de micro-ondas. É prático, mas não nutre. É fácil, mas não transforma. E, mais importante, não entrega o que promete.
O verdadeiro storytelling começa com uma pergunta: o que você está tentando comunicar? Qual verdade, qual valor, qual significado você quer transmitir ao seu público? Antes de pensar em heróis, conflitos ou clímax, você precisa entender o que, de fato, deseja entregar.
O storytelling não é apenas sobre contar uma história que seja “boa”, mas sobre contar uma história que seja verdadeira. Não falo de verdade no sentido literal, mas de verdade como uma experiência humana que faça sentido na alma das pessoas. E isso só pode ser feito por quem compreende a realidade em profundidade. Sem isso, qualquer tentativa de storytelling será apenas teatro vazio.
Quando um conteúdo não carrega autenticidade nem parece verossímil, ele perde sua capacidade de impactar, de criar conexão e de ser memorável.
A autenticidade no storytelling refere-se à fidelidade a uma verdade interna. Isso não significa que toda história precisa ser literalmente verdadeira, mas que ela deve carregar uma verdade emocional ou humana que ressoe genuinamente com o público. Em outras palavras, uma história autêntica é aquela que nasce de uma compreensão profunda dos valores, experiências ou propósitos que você deseja comunicar.
Em um mundo saturado de informação, as pessoas buscam algo real, algo que vá além da superfície. A autenticidade é o que separa um conteúdo significativo de uma simples tentativa de manipulação. É o que permite que o público confie em você, se identifique com sua mensagem e, acima de tudo, se conecte emocionalmente.
Enquanto a autenticidade lida com a verdade emocional, a verossimilhança está ligada à lógica e à coerência interna da história. Uma narrativa verossímil é aquela que parece possível dentro do universo que ela apresenta, mesmo que seja fictícia. É o que faz com que o público aceite a história e se entregue a ela sem questionar sua plausibilidade.
O público está disposto a suspender a descrença, mas somente até certo ponto. Se algo parece inverossímil, isso rompe o pacto implícito entre o contador da história e a audiência. O resultado é uma desconexão imediata, e a mensagem da história perde força.
Embora sejam conceitos distintos, autenticidade e verossimilhança caminham juntos. A autenticidade dá à história profundidade emocional, enquanto a verossimilhança garante que ela seja aceitável dentro de um contexto lógico.
Não é possível contar uma história significativa se você não domina profundamente o conteúdo que está comunicando. Se você não entende o problema que está resolvendo, o contexto em que está inserido e os desejos e necessidades do seu público, tudo o que fizer será superficial.
Empatia não é “fazer de conta” que se importa, mas sim colocar-se no lugar do outro com sinceridade. Pergunte-se: o que essa pessoa sente? O que ela teme? O que ela deseja? Só quando você compreender essas respostas poderá criar algo que realmente se conecte.
Uma boa história não apenas entretém; ela transforma. O público precisa sair dela diferente de como entrou. Pergunte-se: qual transformação eu quero gerar? Qual valor quero entregar? Isso é o que separa uma boa história de um mero passatempo
Hoje, grande parte do conteúdo que se vende como storytelling é, na verdade, vazio. Histórias que não dizem nada, que não conectam, que apenas repetem fórmulas desgastadas. Esse tipo de conteúdo não apenas desvaloriza o conceito de storytelling, mas também contribui para a superficialidade cultural que nos aflige.
O verdadeiro contador de histórias é, antes de tudo, um pensador. Ele entende que sua função não é apenas entreter, mas educar, transformar, despertar algo no outro. Ele sabe que tem uma responsabilidade com a verdade e com o impacto que gera.
Se você deseja usar storytelling no seu conteúdo, comprometa-se a fazer isso com integridade. Não se limite a copiar fórmulas ou seguir listas. Em vez disso, busque a verdade, entregue valor real, e lembre-se de que o poder da narrativa está em sua capacidade de tocar a alma humana.
Menos diquinhas, meus amigos, e mais entregas. Porque no fim das contas, o que importa não é como você conta a história, mas o que ela significa.
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@lealmurillo | Jornalista | Top Voice LinkedIn | Storytelling e Conteúdo