Ninguém vai inventar vacina pro desânimo profissional
Você anda cansado. Sente que a sua vida profissional saiu totalmente dos trilhos. Pode ser que a carreira dos sonhos não tenha chegado, mesmo depois de ter realizado aquilo que julgava ser o melhor caminho, com os recursos que tinha em mãos.
Talvez você sinta que está perdendo energia e tempo tentando convencer as pessoas que você é bom no que faz. Na verdade, acorda cedo todo dia para participar de reuniões num trabalho de merda, tudo por causa das responsabilidades e compromissos pessoais, familiares e financeiros que assumiu.
Você sabe que não tem escolha. Não consegue sair das convenções que te esmagam. Não sabe livrar-se das obrigações insuportáveis. Não quer ser considerado um irresponsável. Não sabe chatear pessoas. Não quer decepcionar pessoas que botam fé em você.
Algo te dizer que precisa mudar. Você não quer chegar em um futuro próximo e descobrir que aguentava mais. Não quero correr o risco de perder oportunidades porque se sentiu fraco. E é exatamente isso que te mata gradualmente.
Parece que está em uma corrida interminável em cima de uma esteira sem fim. E não há nenhum vestígio de um dia sequer aliviado, calmo e sem pressão. Parece que nunca haverá tempo sobrando suficiente para uma vida mais tranquila. Você fantasia todo dia um tempo em que tudo possa ser mais calmo e leve.
Por outro lado, sente uma vergonha enrustida por desejar ter algo mais do que já conquistou e quando percebe que já tem muito do que realmente é importante para viver, sente-se ingrato com a vida e volta atrás.
Ignora desejos pequenos e tenta desesperadamente encontrar um espaço na gaveta para colocar um pouco do seu sonho. Mesmo assim, sobra faltas. Tudo está até que bem, mas parece que não sempre. No fundo, vive questionando se o que está fazendo com sua carreira é realmente tudo que a vida tem para você ou se está apenas cumprindo com o mínimo necessário para sobreviver. Não há mais tanta diversão no que você faz.
Quando olha pra jornada, ainda fica chocado com o tanto que há para fazer, em tudo que ainda é possível construir e as coisas que ainda falta realizar pela frente. Te dá um medo não saber responder para que lado quer remar esse barco. Sente-se à deriva da ocasionalidade e da sorte.
Você tem até uma ligeira impressão que não está sendo reconhecido por tudo o que pode fazer. Sai das reuniões com a sensação de que todos os projetos que podem significar algo para o seu progresso são insuficientes, chatos e longos.
Às vezes, pode até sentir que é o único que realmente sabe o que está acontecendo com o mundo, mas sente-se desmotivado a ter que fazer com que todos entendam e consigam apreciar com este mesmo olhar lúcido.
Pode ter a impressão que te procuram apenas quando encontram um problema complexo para resolver, como se você tivesse apenas que aparecer no fim do dia para salvar tudo sempre. Mesmo que não veja bonificação.
Como você gosta de sentir-se útil e necessário, acaba amargando uma sobrecarga incessante e crescente. Por vezes, sente-se super qualificado para o que faz, mas muito subutilizado dentro dos processos. E por outras, se imaginar incompetente e receoso em assumir riscos.
Quando se vê em um cenário pouco alterável e congelante, mesmo que desenvolva grandes ideias parece que nunca elas se concretizarão, não há espaço para mudanças realmente importantes.
Agora, sentado aí, lendo este texto, você sabe que não deve entregar os bétis, mas também não quer apostar na suposta espera de que va acontecer uma grande coisa que vai tirar você dessa situação ruim. Você luta para entender todo dia a razão desse desânimo, mas, no fundo, sabe bem o que tem que fazer, e mesmo assim, não consegue realizar mais do que pequenos passos.
Você pode até fingir que não, mas eu sei que nutre em si uma inveja de outras pessoas que parecem ser mais disciplinas, mais capazes, mais importantes e até mais valorizadas e que colecionam grandes resultados.
Não existe vacina para o desânimo. Ele é hoje o nosso maior inimigo. Antes de tudo, nossa luta tem que ser para voltar a viver. Não há solução total para o desânimo. Temos de encarar do jeito que dá.
O desanimo está muito ligado a ansiedade, que por, sua vez, está ligada a todos os nossos impulsos sociais. O jeito que encaro é esquecer este impulso de popularidade, não pensar em sucesso como conquista de coisas e postos, se reeducar a pensar as interações e informações que estamos sujeitos e desenvolver uma capacidade extra de resistir ao desejo de querer sempre mais.
Superar a ideia de que a solução de tudo está na estrutura financeira (apesar de ser importante pra tranquilidade), brindar as novas possibilidades de relações menos alienadas e cortar determinados estímulos que nos levam ao total desespero inútil.
Há um desafio extra neste tempo: tentar ser gente com tudo que gente tem direito de ser. Montado nas crises patentes, mas guiar-se no caminho elegantemente com o olhar esperançoso das curas vindouras. Faça agora o melhor que puder com o que tem em mãos hoje.
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