Saúde mental: por que a gente sabe que é importante, mas não vai atrás?

Murillo Leal
4 min readJan 18, 2023

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Sem a intenção de tratar o tema até esgotar, quero pensar apenas como a saúde mental se tornou um dos mais falados assuntos, mas, ao mesmo tempo, é uma das maiores negligências cometidas por nós todos.

Só quero frisar alguns aspectos que, se forem ignorados por você, tornarão qualquer iniciativa (interna ou externa) ineficaz.

Todos podemos necessitar de dias de folga para tratar a saúde mental, mas isso não significa que desejam que todos (familiares, chefes, colegas e amigos) estejam cientes disso. A verdade é que fora das redes sociais, longe das salas dos psicólogos do RH, afastado da galerinha cool que se diz a favor de todos fazerem terapia falta sensibilidade, vontade e cuidado ao tratar do assunto saúde mental.

Apesar do aumento da conscientização e de uma expectativa crescente de demanda por cuidados com a saúde mental, isso não quer dizer que haja de verdade um programa de cuidado no que diz respeito a fazer a manutenção emocional em meio as tarefas.

Para se reconhecer com verdade, compreender cada movimento, tratar cada foco e agir efetivamente em relação aos impulsos danosos, os estímulos nocivos e padrões de ação que queira extinguir, é preciso, acima de tudo, de mais do que conhecimento.

O primeiro aspecto a ser considerado é que nenhuma intenção, sem a ação correspondente, terá nunca um objeto único e linear em direção da cura.

Definir as coisas conforme elas são, é melhor que a mera projeção de cenários ideias. Não adianta pagar de rei da sanidade para todos e nem tentar agir como o Coringa ou um Peaky Blinders da Shopee para se rotular como desajustado. Você tem que, acima de tudo, não fingir.

A gente se apressa em ler coisas na internet e sair dizendo que tem isso ou aquilo e acaba se sentindo vítima de uma coisa que nem sabemos direito se existe ou não. O diagnóstico não é urgente, mas é necessário usar a mente para criar hábitos com o objetivo de modificar aqueles comportamentos inadequados. Isso é aproximar-se da cura.

Entenda que todas as ordens que o comando estratégico do seu cérebro doente dá são sempre de natureza dialética e experimental. Dialética no sentido de que seus pensamentos sempre estarão em conflito, tendendo a escolher o que é melhor para sua comodidade.

Sem conhecer ações relevantes e todas as maneiras de explorá-las, você não terá muito potencial para transformações. Sob outro aspecto, o pensamento doente não muda para sempre, apenas aprimora a visão que você tem das contradições, integrando inúmeros conflitos, novos ou antigos. Saber disso te ajuda.

Podemos tomar, como exemplo, o conflito entre os impulsos de ansiedade e a ordem mental para produzir.

À medida que a visão distorcida do cérebro doente se torna cada vez mais sutil e integrada a nossas reações naturais, mais nossas decisões e atitudes estratégicas experimentais se tornam autoritárias.

A conexão entre essa dialética e o experimentalismo favorece as ações ansiosas. De um lado, existem diversas direções possíveis ocorrendo ao mesmo tempo, o que nos deixa sem chão emocionalmente para seguir alguma. Por outro lado, isso o impede de agir, faz com que caminhe para frente e para trás, simplesmente por estar diante de inúmeras e constantes mudanças de direção.

A degradação da saúde mental é uma realidade, mas você ( e as pessoas que convive) não podem simplesmente ignorá-la e esperar que se resolva sozinha.

Estamos sim finalmente investindo mais em apoio à saúde mental por necessidade, mas ainda não alcançamos uma verdadeira mudança de cultura. Adotar proativamente medidas para entender e reduzir as fontes de estresse não apenas ajudará a melhorar o bem-estar, mas também torna as pessoas mais produtivas saudáveis.

Não ignore o que está acontecendo com a sua vida como se isso fosse passar de uma hora para outra. Não tente forçar ninguém a conviver com você pela metade, e nem siga um determinado caminho viciado em fugir. Obtenha uma compreensão de suas necessidades de saúde mental e trabalhe no que funciona ou não para você. Não foque no que você gosta, foque no que você precisa.

Quem quer que, ao analisar a recente explosão de problemas mentais, concentre sua atenção apenas no modismos do discurso sem discutir a eficácia prática e real viabilidade de buscar ajuda, já prova, só nisso, sua total incompetência para lidar com o assunto sério.

@lealmurillo | Jornalista | Top Voice Linkedin | Palestrante e Professor | Storytelling e Conteúdo

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Murillo Leal

#Jornalista e #escritor • TOP VOICE #linkedin 390 mil seguidores • Especialista em #storytelling • Colunista @rockcontent | murilloleal.com.br